O Genomas Brasil é um programa de ciência, tecnologia e inovação que tem como finalidade incentivar o desenvolvimento científico e tecnológico nacional nas áreas de Genômica e Saúde de Precisão; promover o desenvolvimento da indústria genômica nacional; e estabelecer prova de conceito para uma linha de cuidado em genômica e saúde de precisão no âmbito do SUS. Dentre seus principais objetivos se destacam o estabelecimento do genoma de referência da população brasileira e a instituição de um banco nacional de dados genômicos e clínicos. Para tanto, uma das metas é a consolidação de um banco de dados nacional com 100 mil genomas completos de brasileiros. Adicionalmente, visa sequenciar genes de portadores de doenças raras, cardíacas, câncer e infectocontagiosas, considerando a quantidade de casos no país e o alto custo que geram ao SUS.
Com base nisto, o projeto OncoGenomas irá contribuir com a iniciativa através do recrutamento e sequenciamento genômico de 550 pacientes oncológicos, sendo 300 de câncer de mama (eixo 1) e, 250, de câncer de próstata (eixo 2). Em ambos os casos será oferecido aconselhamento genético para os pacientes e seus familiares.
Câncer de mama:
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. A doença é a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa essa posição - apesar da alta incidência, um em cada três casos de câncer pode ser curado se for descoberto logo no início.
Também acomete homens, porém a incidência nesse grupo representa cerca de 1% do total de casos da doença. O risco aumenta com a idade, sendo maior a partir dos 50 anos.
Câncer de próstata:
Ainda segundo o INCA, o câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens (atrás apenas do câncer de pele não-melanoma) no Brasil - em valores absolutos e considerando ambos os sexos, é o segundo tipo mais comum.
Representando 29% dos diagnósticos da doença no país, estimativas do INCA apontam para 65.840 novos casos a cada ano, entre 2020 e 2022. Homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença.
Mais do que qualquer outro tipo, é considerado um câncer da terceira idade, já que cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. O aumento observado nas taxas de incidência no Brasil pode ser parcialmente justificado pela evolução dos métodos diagnósticos (exames), pela melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país e pelo aumento na expectativa de vida. Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem.
O projeto visa caracterizar o perfil molecular somático e germinativo na população brasileira dos dois cânceres mais prevalentes no Brasil em mulheres (câncer de mama) e em homens (câncer de próstata). Os objetivos são otimizar a definição do tratamento e o prognóstico tumorais por meio da análise do exoma completo somático; rastrear pacientes e familiares com mutações em genes predisponentes a câncer, com indicação de rastreamento de outros tumores; gerar dados genômicos e fenotípicos associados para alimentar o banco de dados do Programa Genomas Brasil; e caracterizar a ancestralidade da população estudada de pacientes com câncer de mama e de próstata.
Em relação ao câncer de mama, a iniciativa visa identificar alterações genéticas somáticas que possam predizer resposta ao tratamento neoadjuvante nas pacientes com câncer de mama HER-2 positivo localmente avançado e correlacionar esses achados com prognóstico. Além disso, tem como objetivo identificar pacientes com variantes genéticas germinativas que se relacionam com síndromes de predisposição hereditária ao câncer.
Já em relação ao câncer de próstata, os resultados ajudarão a identificar pacientes com variantes genéticas somáticas que possam auxiliar na definição do prognóstico do câncer, e variantes genéticas germinativas que possam apoiar estratégias de prevenção de outros tumores. Como exemplo de mudança de conduta para o SUS, pacientes com câncer de próstata que tenham mutação de genes de recombinação homóloga podem beneficiar-se da inclusão em estudos clínicos com a classe de medicamentos de inibidores de PARP. Será também realizado o estudo da ancestralidade destes pacientes para identificar possíveis diferenças de prognóstico do câncer de próstata que possam ter relação com herança genética.
Câncer de mama:
No eixo 1, serão avaliadas 300 mulheres com câncer de mama do subtipo HER2-positivo, localmente avançado, com indicação de neoadjuvância (terapia administrada antes do tratamento principal).
Será feita coleta de sangue periférico para análise por WES germinativo e de amostras tumorais em blocos de parafina para análise por WES somático. Esta análise possibilitará a detecção de alterações moleculares hereditárias que possam predispor as pacientes e seus familiares a terem câncer hereditário (alterações germinativas) e, assim, será possível prevenir a ocorrência de tumores malignos nas pacientes e em seus familiares por meio de mastectomia profilática bilateral e salpingooforectomia profilática bilateral para pacientes com mutação de BRCA 1/22.
Além disso, as alterações somáticas, que são próprias dos tumores (não-hereditárias), também serão avaliadas, ajudando pacientes e médicos com informações importantes que podem definir estratégias de tratamento e seguimento dos pacientes com câncer. Também será possível fazer a avaliação da ancestralidade das pacientes com câncer para definir qual o impacto da origem regional brasileira dos indivíduos no tipo e comportamento da doença.
Câncer de próstata:
No Eixo 2, 250 pacientes com câncer de próstata metastático serão avaliados. Apesar de ser uma doença curável – com cirurgia ou radioterapia – quando diagnosticada na forma localizada, um percentual expressivo de pacientes é diagnosticado com metástases ou evolui com doença metastática após o tratamento do tumor primário. Infelizmente, pacientes com doenças metastáticas têm uma doença grave, incurável e que causa severos impactos na qualidade de vida dos pacientes, especialmente pelas metástases ósseas, que estão presentes em cerca de 90% dos pacientes.
Devido a isso, muitos pacientes apresentam dor importante, com complicações como fraturas patológicas e compressão medular, com necessidade de cirurgias para fixação e radioterapia, chamados de eventos relacionados ao esqueleto. Cerca de 50% dos pacientes com câncer de próstata metastático têm algum evento relacionado ao esqueleto ao longo da história da doença, gerando piora na qualidade de vida dos pacientes, bem como custos para o sistema de saúde.
Além da morbidade, dados de 2019 demonstram que o câncer de próstata foi a segunda neoplasia com maior mortalidade em homens, no Brasil. No mesmo ano, quase 16.000 pacientes faleceram em decorrência da doença. Dessa forma, torna-se importante o estudo dessa doença em nível molecular, através do WES, de forma a melhor caracterizar o câncer de próstata metastático.
Será realizada coleta de sangue periférico para análise por WES germinativo e de amostras tumorais em blocos de parafina para análise por WES somático. A análise do WES germinativo possibilitará a detecção de alterações moleculares hereditárias que possam predispor as pacientes e seus familiares a terem câncer hereditário (alterações germinativas). Além disso, as alterações somáticas, que são próprias dos tumores (não-hereditárias), também serão avaliadas, ajudando pacientes e médicos com informações importantes que podem definir estratégias de tratamento e seguimento dos pacientes com câncer. Também será realizada a avaliação da ancestralidade destas pessoas para definir qual o impacto da origem regional brasileira dos indivíduos no tipo e comportamento da doença.
Líder de Projeto: Marina Bessel - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS - Lattes
Responsável Técnica: Daniela Dornelles Rosa - Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS - Lattes
Angelica Cerveira de Baumont – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre/RS – Lattes
Cláudia Bordignon – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS – Lattes
Gabriel Macedo – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS – Lattes
Giovana Dallaio Curzel – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS – Lattes
Jaqueline Bohrer Schuch – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS – Lattes
Mahira de Oliveira Lopes da Rosa – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS – Lattes
Nathan Araujo Cadore – Hospital Moinhos de Vento, Porto Alegre / RS – Lattes